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É para todos? Como dormir a sesta sem acordar maldisposto

11 Dez 2023 - 11:07

É para todos? Como dormir a sesta sem acordar maldisposto

Costuma dormir a sesta sempre que pode? Ou faz parte do grupo de pessoas que não sente essa necessidade ou que até acorda mais cansado e irritado depois de dormir a sesta?

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Em esclarecimentos ao Viral, Vânia Caldeira, pneumologista e especialista da Comissão de Trabalho de Patologia Respiratória do Sono da Sociedade Portuguesa de Pneumologia (SPN), expõe os benefícios da sesta, esclarece se esta prática é útil para toda a gente e deixa alguns conselhos para tirar o melhor proveito deste hábito.

“A sesta não é para todos”

Quando questionada sobre se é recomendado fazer-se a sesta, Vânia Caldeira adianta que “a resposta não é sim, nem não”. Segundo a especialista do sono, não se pode passar a mensagem de que todos devem fazê-lo, porque “a sesta não é para todos”.

No fundo, dependendo da pessoa e do contexto, as sestas podem: não ter vantagens acrescidas, ser benéficas ou ser contraindicadas. 

Por um lado, explica a especialista, “as pessoas que dormem bem, não têm problemas a dormir à noite e que durante o dia se sentem bem não têm um benefício acrescido em fazer uma sesta”. 

Por outro lado, “há pessoas que, durante a noite, até dormem bem, mas sentem a necessidade de dormir mais”, os chamados “long sleepers”. 

Como esclarece Vânia Caldeira, “num adulto, a duração do sono deve ser entre 7 e 9 horas”. No entanto, “algumas pessoas sentem que precisam mesmo de 9 ou 10 horas” de descanso.

Com o ritmo de vida dos dias de hoje, “já não é fácil dormir regularmente 8 horas, quanto mais 9 ou 10”. Por isso, “estas pessoas podem, de facto, beneficiar de uma sesta”.


Além disso, há doentes que têm “hipersonias”, e ainda “há uma doença muito rara, a narcolepsia, em que as pessoas têm ataques de sono”. Nesses casos, “às vezes, de forma terapêutica, uma das indicações são sestas programadas”, sustenta. 

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Também em contexto de privação de sono durante a rotina, fazer sestas pode ser benéfico, apesar de não ser possível compensar as horas que não dormimos. “Ou seja, não é a solução, não resolve o problema, mas é um mal menor e uma tentativa de compensar essa dívida de sono”, explica a médica. 


No sentido contrário, frisa, “as pessoas que dormem mal, sobretudo as que têm insónias, não devem fazer sestas”, de modo a não comprometer o sono à noite.

Como fazer a sesta?

Segundo Vânia Caldeira, é preciso ter em conta três questões relacionadas com a sesta, que permitem obter os seus benefícios: a hora que se faz a sesta, a duração e o ambiente.

  • Horário

Na perspetiva da pneumologista, “a sesta deve ser equidistante dos horários de sono”, ou seja, não convém ser “a meio da manhã”, nem “perto da noite”. Portanto, “a hora ideal para fazer a sesta é entre as duas e as três da tarde”.

Isto porque, “ao longo do dia, estamos acordadas e vamos acumulando pressão de sono, o que vai fazer com que à noite tenhamos sono e consigamos adormecer”, justifica. Ora, “se for feita uma sesta às sete da tarde, essa pressão de sono anula-se” e “vai-se ter muita dificuldade em iniciar o sono às dez da noite”, por exemplo.

  • Duração 

Vânia Caldeira adianta que uma sesta “não deve durar mais de 20 minutos”, de modo a “não comprometer a qualidade da noite de sono”.

Segundo a médica, “se a pessoa dormir 45 minutos ou 1 hora, a probabilidade de entrar em sono REM é muito grande” e é por esse motivo que as pessoas acordam a sentir-se mal “porque, no fundo, estão a interromper um ciclo”. 

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  • Ambiente

Por norma, “as pessoas dormem a sesta em sítios pouco próprios”, como no sofá. Mas, a verdade é que “fazer a sesta na sala, a ouvir a televisão de fundo, com pessoas a entrarem”, é contraproducente.

Assim, o ideal é “dormir na cama”, mesmo quando o objetivo é fazer uma sesta. “Se vamos fazer uma power nap reparadora de 20 minutos, de facto, é importante que seja num ambiente adequado para isso”, defende Vânia Caldeira.


Sestas nas crianças versus sestas nos adultos

É comum achar-se que uma sesta é reparadora independentemente do tempo que se dorme. Isto surge, muitas vezes, da comparação que se faz com as sestas duradouras das crianças.

Contudo, a médica consultada pelo Viral explica que o conceito de sesta nas crianças não é o mesmo que nos adultos. 

“As crianças têm necessidades de sono muito acima dos adultos”, sobretudo as mais novas que, por norma, precisam de “12 a 18 horas de sono”, aponta.

Além disso, ao contrário dos adultos, “as crianças não têm um sono estruturado”, ou seja, “dormem durante vários períodos distribuídos ao longo do dia” – em que se incluem as chamadas sestas. Por esse motivo é que “as crianças dormem ao longo das 24 horas sem problema”.


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Nesse sentido, Vânia Caldeira alerta para a importância de estar atento em caso de sonolência excessiva nos adultos. “Se uma pessoa dorme entre as 7 e 9 horas” e, mesmo assim, “tem sonolência”, a especialista recomenda a procura de ajuda profissional. Porquê?

Na visão da pneumologista, ao contrário do que acontece com as crianças, nos adultos, “em princípio, essa sonolência não é normal”. 

Claro que a pessoa pode ser apenas uma “long sleeper”, que precisa de “dormir 10 horas”. Mas, excluindo isso, pode-se estar na presença de “uma apneia de sono” ou de uma “hipersonia central”, por exemplo, e “é importante não desvalorizar”, conclui.

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Sono

11 Dez 2023 - 11:07

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